Porque sou a favor da continuidade da EAD no Brasil.


Minha Turma.

Começo este texto como forma de protesto por me sentir profundamente ofendido com o posicionamento de algumas instituições e faculdades no que diz respeito à EAD do curso do Bacharelado do Serviço Social.
Espero que o CFESS e demais instituições envolvidas nesta campanha não estejam acima da crítica, e aceitem minha opinião respeito sem perseguição, de nenhuma forma.

O CFESS aliou-se a uma campanha, de Educação não é fast-food, na qual afirma que pretende acabar com EAD para Serviço social.
Isso me levou a refletir acerca do assunto e criar este arquivo.
Dentre as muitas atribuições do serviço social, como tema central a “liberdade” o combate discriminação e a todo tipo de preconceito, esta também como tema e alicerce da profissão a “inclusão”.

“A exclusão é um impedimento, uma barreira, uma fronteira elaborada socialmente em relações de poder, que dividem os grupos, de forma a estabelecer hiatos tanto nas condições objetivas de vida ou de meios de vida como na percepção de si mesmo como sujeito historicamente situado, numa sociedade e num determinado Estado em se que pactuam direitos e se compactuam com exclusões”. (FALEIROS 2006)

Agora tem dois grupos, os alunos de faculdades presenciais, e os alunos de faculdades EAD, do qual faço parte e me sinto profundamente discriminado.
           
Nenhuma proposta até hoje incluiu tantas pessoas no ensino superior nos lugares mais distantes do Brasil como a EAD.

Isso era para o CFESS militante estar comemorando, e não perdendo tempo em uma luta perdida que só fez gerar preconceito entre os profissionais.

Por conta disso, Profissionais do serviço social estão recomendando por baixo dos panos a não aceitar alunos EAD como estagiários. Vergonhoso.

Agora a profissão que deveria combater o preconceito, tornou-se fonte geradora de preconceito.

Participei de um encontro em Cachoeira – BA, dia 11/12/2011, na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, e ouvi tanta ironia, sarcasmo, e desrespeito com os alunos EAD’s que tive pedir a palavra para o meu protesto, e pasmem, no fim 80% dos presentes eram alunos EAD, que pagaram para participar de um evento e serem ofendidos, pois um debate acadêmico sempre é bem vindo, mas quando partem para o campo dos palavreados depreciativos e mal intencionados, cheios de malicia acadêmica, para nada contribui.

Isso tudo tem sido resultado desta malfada campanha “Fast Food”.

Neste quesito, entendo que faculdade publica é direito, mas direito que não cabe no orçamento nacional, continua sendo apenas um sonho, que acredito um dia acontecer, talvez em 30 anos, isso seja possível.
Neste sentido a EAD esta contribuindo para a formação dos Recursos Humanos necessários para que no futuro tenhamos faculdades publica para todos.
Abaixo vou apresentar alguns argumentos pelos quais considero a EAD como uma solução emergencial para o descaso que é a educação superior no Brasil, solução esta que não é a melhor, mas a que precisamos no momento, aquela que orçamentariamente pode acontecer.

Cabe ás instituições que fiscalizam e deliberam sobre cada profissão, ter uma visão mais ampla, e ao contrário de tentar desmontar aquilo que é inevitável e necessário, desperdiçando assim numerário e tempo, investir ambos em um sistema de fiscalização das EAD’s de forma mais ampla para quem ela deixe de ser “fast food” e passe a ser alimento sólido.

Lamento a postura um tanto quanto arcaica e autoritária das referidas instituições, no que se refere ao novo.

Vejo sim, um jogo político das faculdades publicas e de acadêmicos que não conseguem ver a mudança do mundo a sua volta.

As tecnologias estão cada vez mais presentes na vida das pessoas, e se podemos ter um programa de ações que geram economia para o país, e consequentemente oferecer inclusão como proposta, porque não melhorá-la, fiscalizá-la, agonizá-la, orientá-la?

Há, é que isso dá trabalho, é mais fácil desconstruir, ou pelo menos tentar.

A EAD é sustentável, porque consome pouca matéria prima como livros alem de gerar pouco lixo.

A EAD gera amadurecimento e independência pelo fato do compromisso do aluno aprender seja muito maior.

A EAD tem Viabilidade Econômica.
Há cerca de 5 565 municípios em todo território nacional, alguns com população maior que a de vários países do mundo.
Supondo que cada dois municípios dos 5.565 tivessem uma faculdade publica e de qualidade, isso daria 2782.
Mas isso ainda é inviável, vamos supor que cada cidade um pouco maior tenha 5 cidades satélites em seu entorno e que uma faculdade publica fosse aberta a cada 5 cidades, isso daria 1.113 faculdades publicas.

“A parcela total destinada à UEFS passou de R$ 159.474.082,00 para R$ 177.388.000,00. Este aumento, porém, está fortemente concentrado na cota inicial de pessoal, na qual a UEFS não tem qualquer governança, passando de R$114.771.000,00 no ano de 2011 para 139.316.000,00 no ano de 2012, num acréscimo de 21,39%.” Fonte: http://www.diabahia.com/feira-de-santana/noticia/13280/reitoria+da+uefs+protesta+contra+reducao+de+verba

Feira de Santana tem por volta de 672.000 mil habitantes, se dividirmos a media de habitantes pelo orçamento anual da UEFS, teremos 177.388.000,00 de 2011 teremos R$ 263,9 por habitante, se isso for para alcançar o Brasil todo teremos R$ 263,9 pelo numero total de habitantes do Brasil, ou seja, 192.000.000 vezes R$ 263,9 = 50.668.800.000, algo em torno de 50 trilhões de Reais com faculdade publica no Brasil.

Como disse, se fosse a cada 5 cidades, isso teria que ser divido por 5 que daria algo como 10 trilhões de Reais, totalmente impossível economicamente.
        
O PIB brasileiro foi algo em torno de 4 trilhões. Nem que fosse todo PIB brasileiro investido em educação seria possível ter faculdade publica para cada 5 brasileiro em menos de 30 a 50 anos. E teríamos que esquecer a saúde, segurança etc.

Uma única EAD pode alcançar todo o país com apenas 1% deste valor.


Faltaria docentes para ocupar todas as faculdades.
Para lecionar em 1/5 dos municípios do Brasil, em 1.113 faculdades publicas seriam necessários  mais de 50.000 mestres ou doutores no assunto, no Brasil ainda não dispomos desta quantia de professores formados e se viermos a ter será no mínimo daqui a 15 anos com EAD, sem EAD ainda levaremos uns 30 anos para termos a quantia de docentes necessários para ter faculdade publica para todos.


A faculdade EAD chega onde está o aluno, gerando assim economia para o aluno.



A EAD é inclusiva, pois alcança todos a preços bem populares por seu custo ser menor e por ser possível discutir este custo com o maior numero de pessoas possíveis pelo Brasil. Para quem trabalha e não tem tempo.

A EAD é flexível, pois você pode estudar a hora que quiser e onde estiver.

A EAD é tecnológica e futurista.

Entendo que a EAD é um tanto quanto neoliberal da perspectiva social uma vez que o estado esta sendo omisso ou impossibilitado por razões econômica de assumir sua responsabilidade e fazer cumprir a Constituição Federal.
Mas todo terceiro setor tem trabalhado em cima desta ideia e tem oferecido boas oportunidades de trabalho para outros assistentes sociais e nunca foi combatido.

Se a Ideia  é forçar o governo a cumprir sua função, logo a luta devia ser contra a existência do "terceiro setor", que engloba uma lista extensa de outras ações, mas com certeza não é este o caso.

Quanto mais a EAD for incentivada neste país, mais faculdades irão desenvolvê-la, maior concorrência, maior qualidade e cada vez mais satisfação do aluno e consequentemente mais crescimento da profissão.

Como o tema discutido é educação, não devemos esquecer que este comportamento critico impeditivo, é argumento comum de professor tradicional, de método tradicional, da velha escola que considera o aluno um depositário de conteúdo, onde o professor é o detentor do saber e o aluno é uma baú, isso depõe contra a emancipação do sujeito.

A EAD é totalmente a favor da emancipação, ao dar liberdade ao aluno na busca, na descoberta do saber.

Sei que muita coisa da EAD precisa melhorar apesar de eu nunca concordar com métodos de avaliação, por considerá-los um desrespeito ao individuo, mas se precisam tê-los, que seja fiscalizado pelas instituições que dela participam.

Espero que o CEFSS fiscalize as EAD, cobrando melhor qualidade do ensino, melhores propostas curriculares, melhor qualificação dos docentes envolvidos.

A EAD veio para ficar, e não vai demorar muito tempo para as faculdades publicas aderirem.

Então, deixo aqui minha humilde recomendação, procurem qualificação para entender as demandas da EAD e como melhorar o currículo nela inseridos, criem dispositivos de fiscalização, formas de controle no que diz respeito às Universidades envolvidas.

E quando forem criar uma campanha, pesquisem antes se é viável, porque esta só foi desperdício de tempo e dinheiro.

Tome cuidado, pois em breve seremos maioria, e eu particularmente, não temo a nenhum aluno presencial, (depositário de conhecimento), em qualquer área da profissão que ele quiser averiguar proficiência.

Sou aluno EAD e afirmo que estamos seguindo o  Lei de Diretrizes Curriculares ABEPSS de 1996 que estão dispostos nos 3 (três) núcleos a saber:
1- Núcleo de fundamentos teórico-metodológicos da vida social;
2-Núcleo de fundamentos da particularidade da formação sócio-histórica da
sociedade brasileira
3- Núcleo de fundamentos do trabalho profissional. (ABEPSS, 1996)
Quero reafirmar meu compromisso com a profissão, e propor, (apesar de não concordar) que todos os assistentes sociais sejam avaliados por meio de exame de proficiência do Serviço Social.

Digo isso tendo em vista a quantia imensurável de profissionais mau preparados que tenho visto exercendo a profissão e para isso o CFESS não atenta ou prefere manter se neutro.

Pergunto-me, devemos afinar o filtro para quem vem e fazer vistas grossas para os que já estão?
Em minha cidade e em outras varias cidades da minha região, por ocasião de concursos públicos realizados naqueles municípios, o numero de pessoas que efetivamente tiveram melhor desempenho e assim ficaram com as vagas oferecidas foram 10/1 de alunos EAD em relação a alunos de faculdades presenciais.

Na verdade em uma das cidades foram oferecidas 5 vagas para assistentes sociais e 152 candidatos se inscreveram, as primeiras 50 melhores avaliações fora de profissionais formados em EAD ficando os profissionais formados em faculdades presenciais com avaliações apenas acima da posição 51ª.

Estamos dando banho nesta classe de  preconceituosos, (não me refiro a todos, pois sei que tem profissional formado em faculdade presencial que é a favor da inclusão) talvez seja por isso que estão tentando barrar as EADs.

Parece injusto uma pessoa estar todo dia na sala de aula  e perder para uma que vai 1 ou dois dias para a sala de aula, o nome disso é competência versus incompetência.

Alguns alunos tratam a universidade como uma extensão do ensino médio, e por isso querem receber conhecimento ao invés de construí-lo, esquecem que a faculdade é onde se constrói ciência através da pesquisa e do debate, é lugar de descoberta.

Segue abaixo o posicionamento de Iamamoto sobre a educação à distância transcrito no livro Serviço Social em Tempo de Capital Fetiche, 3ª edição, página 451:
“As profundas alterações nos padrões tecnológicos e gerenciais na produção e comercialização de bens e serviços, em escala mundial, com a requisição e de novas especializações do trabalho, estimulam o estriamento de vínculos entre o ensino superior e o mercado de trabalho. Além de centro de criação de ciência e tecnologia de ponta para a produção de interesse dos grandes oligopólios, a universidade vem sendo impelida pelos governos a tornar-se um grande centro de qualificação de quadros técnicos-profissionais capaz de responder, a curto prazo, ao novo panorama ocupacional. Corre o risco a transformar-se em um centro de formação de mão de obra para as necessidades imediatas do mercado, , mais sofisticado, mais eficiente e barato que qualquer departamento de treinamento das grandes corporações empresariais, hoje denominadas de “universidades coorporativas”. (....) Abrangem tanto o estímulo a estabelecimentos privados para atender a crescente demanda de educação pós-secundária, ampliando o número de matrículas, quanto a maior diferenciação das instituições de ensino superior, envolvendo instituições não universitárias, (politécnicas, institutos profissionais e técnicos de ciclo curto, community colleges, programas de ensino à distância), consideradas mais baratas, atraentes aos estudantes e aos provedores privados. Os esforços para diferenciar os sistemas de ensino superior, desenvolvendo a capacidade institucional são inclusive prioritários para o financiamento do Banco Mundial.”

Se você leu com atenção deve ter percebido Iamamoto não emitiu posição contraria nem favorável, por isso admiro-a, pelo fato que ela levanta o debate mais não condena-o.

Para finalizar, não posso responder por todas as faculdades EAD's e cabe a cada aluno avaliar se está satisfeito ou não, sei que tem algumas que deixam a desejar, estudo na UNOPAR e o único problema que tive foi um documento extraviado pelo erro individual de uma pessoa.

Se eu estudo na UNOPAR hoje e falo bem, é porque estou satisfeito, até aqui, mas se me sentir insatisfeito irei denunciar.

Recomendo que cada estudante leia e se informe se sua EAD esta seguindo a Lei de Diretrizes Curriculares da ABEPSS, e se não tiver, denuncie, pois, parece que as instituições que deveriam cuidar disso para nós esta ocupada com outros assuntos políticos.

Comentários

  1. Parabéns por esse belíssimo texto, sou formada em Serviço Social, e tenho honra em falar que fui aluna EAD, pois pra mim independente de ser presencial ou a distancia, o sucesso depende do desempenho e dedicação do aluno. Acho ridículo a atitude dos Conselhos ter esse preconceito com o sistema de ensino, pois fazer avaliação de Sistema de Ensino é função do MEC, e não função de Conselhos.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Sobre o Estudo A Distância- EAD:

    Caro Sr. Davi Barbosa,

    Sempre quis lavar minha alma dizendo o que sentia em relação a essa forma de preconceito, mas não encontrava em palavras, como formular o texto tão sonhado. OBRIGADA! Você o fez, mu......ito bem fundamentado, por mim... E lhe peço licença para divulgar o seu texto-seu grito, por onde eu possa vir a passar, virtual e presencialmente, como sendo um eco do meu grito sufocado, que também o é de tantos outros alunos EADs dedicados e "comprometidos" com um aprendizado sério e que já entendendem a importância de que a EAD é totalmente a favor da emancipação, ao dar liberdade ao aluno na busca, na descoberta do saber.

    Creio, sinceramente, que só agora com a publicação o seu artigo, qu representa a classe do alunado, é que se dá início, verdadeiramente, a uma discursão de 2(dois)lados sobre O CFESS que aliou-se a uma campanha, de Educação não é fast-food, na qual afirma que pretende acabar com EAD para Serviço social. E, agora, a profissão que deveria combater o preconceito, tornou-se fonte geradora de preconceito. É triste ver que por conta disso, profissionais do serviço social estão recomendando por baixo dos panos a não aceitar alunos EAD como estagiários, vergonhoso.Quanto isso já ouvi de 2 colegas, uma ainda cursando e a outra já concluinte, terem sofrido tal preconceito.

    Parabéns e muito obrigada! Conte comigo nessa nova fase da discursão...

    Ceça Lima.

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  4. Contra fato não há argumento!
    No meio das discussões acerca do Ensino à Distancia e especificamente sobre o Serviço Social EAD eu te parabenizo pelos seus argumentos acerca do enunciado. Quero dizer me sinto orgulhoso em ser EAD, percebo que muitos alunos se sentem constrangidos em afirmar sua procedencia nesta modalidade.

    Penso que a Universidade nem a modalidade de ensino dirá se nós estamos preparados ou não, somos nós mesmos que devemos vestir a camisa e provar que EAD tem capacidade e pode se inserir no mercado de Trabalho.
    Parabéns pelos protestos e que eles percebam a gafe que estão cometendo.

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  5. Parabéns na época da campanha me posicionei, enviei para o CFESS , a minha decepção por pensarem assim,mas ao mesmo tempo respeitando o desconhecimento do mesmo em relação a modalidade, sem respeitar as diferenças e sabendo dos limites e possibilidades impostas pelo capital deveria sim lutar por qualidade em qualquer modalidade e fiscalizar, no dia 15 de maio no Centro de Convenções quando teve ato público do qual participei ,na hora da critica a EAD pedir a palavra e defendi ,deram me parabéns pela coragem eu disse que este é o papel do Assistente social defender toda forma discriminação e preconceito.Penso que todos os estudantes EAD devem estudar,buscar novos conhecimentos e mostrar que podemos sim competir e fazer a diferença.Meu nome é Marisa 7º semestre UNIUBE.

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  6. Parabéns!
    Sem dúvida alguma é um EXCELENTE TEXTO!
    Esse preconceito já deveria ter sido extinto a muito tempo, pois NÓS estudantes EAD temos que nos esforçarmos muito mais p aprender e para ser destaque na nossa profissão (ou em qualquer outra), enquanto existem muitos por ai que "frequentam" sala de aula apenas para n ter falta no final do semestre...Aqui onde moro e na faculdade em que estudo (Anhanguera/UNIDERP)tem uma aluna recém formada que acabou de passar em 2º lugar num concurso público onde ela claramente concorria com profissionais da área formados a muuuuito tempo...na verdade existem PROFISSIONAIS e profissionais!

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